sexta-feira, julho 21, 2006

RAZÕES E POSIÇÕES PARA UMA CANDIDATURA À ORDEM AOS ARQUITECTOS

Noticia no Jornal "Semanário" 21-07-2006

"Não é pelo facto de Kant ter feito todas as críticas à Razão, que deverá ser considerado inimigo da Razão, antes pelo contrário" (F. Santos Neves)

É certo que, na história recente, a arquitectura em Portugal tem estado umas vezes à frente outras vezes atrás das mutações profundas da sociedade portuguesa. Já não se espera hoje que o arquitecto seja um cidadão capaz de efectuar mil e uma tarefas. A complexidade das áreas nas quais laborava tem obrigado a uma cada vez maior especialização dos saberes e dos fazeres. É neste contexto de mudança que se torna necessário melhorar o desempenho da Ordem dos Arquitectos.

Na verdade, anos seguidos de actuação da Associação e posteriormente da Ordem, sem uma orientação clara sobre o lugar da Arquitectura e dos Arquitectos na sociedade portuguesa, levaram ao progressivo esvaziamento da profissão e à desqualificação do ambiente arquitectónico que se traduz de duas formas distintas: Por um lado, a prática da arquitectura em Portugal é na sua generalidade feita à revelia dos mais elementares princípios de qualidade, resultando esta situação do facto de que a maior parte dos projectos de arquitectura ser feita por pessoas sem qualificação académica/profissional para a prática dos actos de arquitectura, em particular engenheiros civis e similares Por outro lado, a profissão de arquitecto nunca esteve tão maltratada como de há uns anos a esta parte, como testemunham os baixos salários e o desemprego que atinge a maioria dos arquitectos.

Esta situação permite a muitos gabinetes de arquitectura remunerarem arquitectos com os mais baixos valores salariais actualmente existentes (2.50 euros a 5.00 euros hora), sem acesso ao Sistema de Segurança Social e sem direito à dignidade profissional Neste contexto, os arquitectos têm lançado progressivamente mão de diversos expedientes, pretendendo exercer actos próprios de outras profissões, tais como a Arquitectura Paisagista, o Design ou o Urbanismo. E todos sabemos que os cursos de arquitectura não asseguram qualificação para o exercício de tais profissões. Sobre esta matéria existe uma vasta documentação caracterizando conteúdos de formação e perfis, produzidos por instâncias europeias oficiais e profissionais.

Trata-se de uma situação deontologicamente insustentável, pois não é aceitável exigir-se o respeito pelos actos próprios da profissão de arquitecto, ao mesmo tempo que se desrespeitam os igualmente actos próprios de outras profissões. Só num novo quadro se torna também evidente a necessidade de assumir uma rejeição clara de todos aqueles que exercem actos de arquitectura sem qualificação académica e sem estarem inscritos na Ordem dos Arquitectos, em simultâneo com a rejeição liminar da utilização de um diploma de arquitecto para a inscrição em várias organizações profissionais ou exercício de outras profissões.

É verdade que a Ordem dos Engenheiros beneficia do enquadramento e reconhecimento que tinham durante o Estado Novo e que tão bem tem sabido gerir, cobrindo os seus membros o País de obras "projectadas" à revelia da qualidade arquitectónica. Mas nesta promiscuidade também é certo que nas autarquias, arquitectos e engenheiros se protegem mutuamente e aceitam para licenciamento obras que o mais elementar bom senso rejeitaria.

É tempo dos próprios arquitectos assumirem sem ambiguidades a parte do multifacetado descalabro que lhes cabe. Esta é a condição básica para se iniciar um processo de dignificação da profissão. Seria tempo para que Arquitectos, Engenheiros, Urbanistas, Designers, Arquitectos Paisagistas e todos aqueles que para bem do País devem trabalhar em conjunto de forma responsável e por isso alheia à "razão bancária", se respeitassem mutuamente, não usurpando funções para as quais não têm a necessária competência, a qual deve assentar numa formação consistente, conforme às orientações europeias sobre modelos e conteúdos de cada formação universitária.

Arquitectura, Urbanismo e Engenharia Civil, Design e Arquitectura Paisagista são ciências, saberes e práticas cada vez de maior complexidade, com maiores exigências de formação e de controlo social, declaradamente sem lugar para improvisações. Tendo em consideração o lugar que a indústria da construção civil ocupa na economia portuguesa e a sua parte na constituição do PIB nacional e consequentemente a parte que de facto deveria pertencer à área de intervenção dos arquitectos, deve-se reconhecer que esse valor é suficientemente elevado para assegurar a elevação das condições de produção da profissão e a justa remuneração de todos os serviços prestados.

Mas para que a arquitectura venha a representar em Portugal um direito de usufruto de todos os cidadãos, devidamente articulado com o direito à habitação, um recurso para o desenvolvimento da País e uma profissão inclusiva que assegure o seu pleno e digno exercício por todos os arquitectos, sejam patrões ou assalariados, são necessárias mudanças profundas.

E a primeira delas é certamente que a OA se reconheça de facto como uma entidade com estatuto público na qual o Estado delegou (apenas) alguns poderes que devem ser exercidos com rigor e transparência no benefício principal da sociedade portuguesa.

Neste sentido, a actuação da Ordem tem-se manifestado através de procedimentos que, longe de acautelar a transparência e qualidade da prestação de serviços dos arquitectos junto da sociedade, apenas traduzem um autoritarismo crescente, na medida em que esta, ao arrepio da Constituição da República, pretende sobreporse às competências que são exclusivas do próprio Estado.

Pretender avaliar universidades e desrespeitar as decisões dos Ministérios da Educação é no mínimo uma forma grosseira de delinquência.

Como afirma Vital Moreira (...) "tal exigência afigura-se manifestamente excessiva sob o ponto de vista das restrições admissíveis à liberdade de profissão, constitucionalmente garantida. Na verdade, dependendo a entrada na profissão da titulação pela ordem profissional, a falha em ultrapassar o obstáculo do exame ou da acreditação traduz-se numa denegação do acesso à profissão. A vocação natural das ordens profissionais não é contudo a de controlar a formação académica dos candidatos à profiss
ão, essa já oficialmente 'acreditada' no título académico, mas sim a de lhes ministrar uma adequada formação quanto à deontologia profissional e quanto às 'legis artis' e 'boas práticas' da profissão (coisas estas que não competem às universidades) e, depois, proceder ao necessário controlo e punição das infracções a uma e outras. O mais espantoso a este respeito é que a maior parte das ordens profissionais não cumpre a primeira dessas tarefas elementares e poucas cumprem razoavelmente a segunda. ("Público", 4/12/2001, O Império das Corporações Profissionais)

Noutras palavras, na situação actual, a Ordem passa ao lado dos reais problemas da classe e da arquitectura em Portugal, que deviam estar no centro da sua actuação, ao mesmo tempo que se atribui funções e se refugia num autismo corporativo que certamente não resulta directamente dos poderes (limitados) que lhe foram delegados pelo Estado. Objectivos estruturantes para uma nova actuação da Ordem dos

Arquitectos:

A Ordem dos Arquitectos para servir o desenvolvimento do País

A Ordem dos Arquitectos para proteger o cidadão e garantir a qualidade da prestação arquitectónica

A Ordem dos Arquitectos para o Direito à habitação

A Ordem dos Arquitectos para dignificar a profissão de arquitecto

Por uma estratégia global de actuação

Para desenvolver uma actuação consistente e global que permita encaminhar a OA para o cumprimento dos objectivos estruturantes, podem-se definir quatro áreas de actuação prioritária:

Alargar as formas de afirmação

Desvincular a Ordem dos Arquitectos dos concursos que explicita ou implicitamente se destinam à partilha de contratos entre grupos de interesse empresarial ou bancário.

Promover a realização de concursos de arquitectura abertos exclusivamente a arquitectos e estudantes de arquitectura de 2.º ciclo sendo a apresentação de equipas técnicas posterior à divulgação dos resultados.

Denunciar publicamente as situações dos chamados "estágios para jovens arquitectos", quando apenas sustentam a degradação da profissão de arquitecto e a prestação de serviços como mão-de-obra mal paga. Mas afirmar a importância dos estágios quando devidamente remunerados, organizados e acompanhados pela "Ordem".

Promover todas as acções adequadas que visem assegurar a muito curto prazo o salário mínimo de 10/hora para todos os arquitectos assalariados.

Tomar todas as iniciativas que sejam consideradas adequadas visando o estabelecimento de um debate alargado relativo a criação do Sindicato dos Arquitectos no respeito do Artigo 55º sobre liberdade sindical inserido no Capítulo III da Constituição Portuguesa sobre Direitos, Liberdades e Garantias dos trabalhadores assumindo o direito de greve e da contratação colectiva de trabalho como meios legítimos de luta para assegurar os direitos elementares dos arquitectos assalariados.

Intervenção social

Desenvolver acções para a promoção da cultura arquitectónica. Orientada para as escolas, autarquias (funcionários e eleitos), administração central (eleitos e titulares de órgãos governamentais) e público em geral

Promover o direito dos cidadãos à reclamação e indemnização relativamente aos prejuízos objectivos e subjectivos de má qualidade arquitectónica

Sustentar a intervenção pública da Ordem dos Arquitectos através de um conhecimento actualizado em permanência, da realidade profissional dos arquitectos em articulação com os diferentes sectores da economia portuguesa.

Favorecer a Arquitectura Sem Fronteiras através da promoção de programas de Voluntariado prioritariamente orientados para apoio às autarquias mais carentes de recursos humanos qualificados em Portugal e nos PALOP

Promover a criação do Centro Português de Arquitectura, tendo por objectivos principais promover em geral a educação para a arquitectura, a investigação científica de excelência e favorecer a inovação em todos os domínios da Arquitectura (teóricos, práticos e tecnológicos).

O CPA assentará a sua actividade em particular nas seguintes unidades orgânicas:

Centro Internacional de Investigação e Desenvolvimento em Arquitectura, visando o seu reconhecimento pela FCT-MCTES como Laboratório Associado destinado a apoiar e a fomentar a investigação científica, o desenvolvimento de novas tecnologias no campo da arquitectura e da construção civil em geral e impulsionar o desenvolvimento da qualidade do Ensino Superior da Arquitectura. Museu Nacional da Arquitectura, visando a promoção e divulgação do conhecimento, em particular sobre a arquitectura portuguesa e do espaço lusófono, dos pontos de vista histórico e contemporâneo, erudito e popular.

O acesso à Ordem

Importa assegurar

Que a OA leve até ao fim o processo que visa acabar com o disparate que tem sido a "creditação" de cursos já reconhecidos pelo Ministério(!!!). É urgente o acesso directo dos cidadãos portugueses à Ordem dos Arquitectos por meio da apresentação de diploma de arquitecto reconhecido pelo Ministério da Educação e consequentemente promover a extinção do exame de admissão, do Gabinete de Apoio à Admissão e da extinção dos processos de reconhecimento e de acreditação de cursos.

A defesa do acesso ao Colégio dos Arquitectos Urbanistas para os membros da Ordem que façam prova de ter obtido de Diploma de Mestrado (2.º Ciclo) ou de Doutoramento (3.º Ciclo) na Área do Urbanismo e do Ordenamento do Território.

A criação do Colégio de Arquitectos Engenheiros e de Arquitectos Juristas mediante idêntica qualificação académica.

Por uma actuação isenta

Promover as acções necessárias com vista à aplicação do Código Penal em particular do seu artigo 358.° Usurpação de funções com vista à extinção da intervenção de outras profissões nos actos específicos da Arquitectura. - b) Exercer profissão ou praticar acto próprio de uma profissão para a qual a lei exige título ou preenchimento de certas condições, arrogando-se, expressa ou tacitamente, possuí-lo ou preenchê-las, quando o não possui ou não as preenche; (...) é punido com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até 240 dias.

Articulação com todas as instâncias de poder com vista à boa regulamentação das áreas afectando a produção arquitectónica e o trabalho dos arquitectos na base da integração de todos os sectores e organizações envolvidas.

Reserva de funções em particular face aos Engenheiros Civis, Urbanistas e Designers e Arquitectos Paisagistas e consequente rejeição de soluções parcelares

Eleição como parceiros privilegiados da Ordem dos Arquitectos: autarquias, organizações cívicas, organizações internacionais para a promoção da arquitectura e organizações profissionais nacionais de Engenharia Civil, Urbanismo, Design e de Arquitectura Paisagística

Desvinculação da Ordem dos Arquitectos para com o exercício de actividades sem qualificação académica dos membros da Ordem dos Arquitectos em actos específicos de outras profissões.

Adopção do princípio que um diploma universitário só pode dar acesso a uma associação profissional.

Bases de dados de obras e projectos online dos arquitectos portugueses e afixação da autoria dos projectos na entrada de todos os edifícios novos e com menos de 10 anos.

Apelo à participação para a mudança

"Não é pelo facto de Kant ter feito todas as críticas à Razão, que Kant deverá ser considerado inimigo da Razão, antes pelo contrário." É neste sentido que defendemos que a primeira obrigação de todos os arquitectos, no quadro actual de esvaziamento da profissão, é, evidentemente, o de favorecer a mudança, enquanto ainda é tempo...

Não será certamente uma tarefa fácil, pois como escreveu Vital Moreira, "quando o Estado é fraco e os governos débeis, triunfam os poderes fácticos e os grupos de interesse corporativos. Sempre sob invocação da autonomia da 'sociedade civil', bem entendido". (Público, 4 /12/2001, O Império das Corporações Profissionais)

Assim devem ser expurgados da Ordem todos os ranços corporativos que por agora não cessam de crescer, para, em seu lugar, nos dedicarmos às tarefas que uma Ordem deve cumprir.

Mário Moutinho
Prof. Doutor Arquitecto "

__________________________________________________________________

Afinal nem todos os arquitectos andam a dormir.

Enquanto uns ganham 2.50 euros a 5.00 euros hora, um Secretário do CDN da OA ganha 40.000 € por ano .










Torna-se urgente acabar com o dito ranço corporativo

Comments on "RAZÕES E POSIÇÕES PARA UMA CANDIDATURA À ORDEM AOS ARQUITECTOS"

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 21 julho, 2006) : 

Bem começamos a ver outras vozes contra o sistema!! Ainda bem!!

O que me espanta é que só agora começam as críticas mais pesadas à OA e isto depois de muito tempo de"pregação no deserto" de alguns dos mais carolas que, à revelia de tudo e todos, têm empurrado o barco como podem.

O que é necessário é que estas opiniões expressas por arquitectos responsáveis se comecem a multiplicar e que o coro de vozes contra suba de tom.

Com efeito os próprios arquitectos são necrófagos uns dos outros e essa situação tem de acabar sob o risco da perda de toda a dignidade por parte da classe.

As direcções sucessivas do OA e da AA sempre procuraram mais os seus interesses comezinhos, do que pensar como uma classe que, acima de tudo, tem de prestar um serviço ao país, mas por egoísmo não o tem feito e os custos para todos têm sido imensos.

Parece-me que é necessário fazer subir o tom dos protestos, das críticas e das acções. Sim das acções em tribunal, mas também daquelas que assumem visibilidade pública como as manifestações e outras acções que tomem a forma pública para dar a conhecer o problema e mostrem a verdadeira face dos actuais dirigentes da OA.

Acredito que o problema da admissão, talvez seja resolvido em breve, mas as consequências desta política desastrada por parte da OA vai marcar definitivamente as relações entre a geração que pretende ter acesso à profissão e os arquitectos mais velhos que irresponsavelmente (porque lhes convinha) pactuaram com uma direcção (pelo silêncio consentido) que podem por em causa a própria OA e a credibilidade dos arquitectos conquanto cúmplices interessados em manter o "os privilégios à custa da geração mais nova".

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 21 julho, 2006) : 

Subscrito (praticamente) na íntegra!!!

Bravo Prof. Doutor Arquitecto Mário Moutinho!!!

Diogo Corredoura

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 21 julho, 2006) : 

Que agradável surpresa, são colegas assim que nos dão força para continuar a lutar contra o ranço!

 

Anonymous Anónimo said ... (sábado, 22 julho, 2006) : 

Até que enfim que existe alguém de peso a dizer o que pensa...

 

Anonymous Anónimo said ... (domingo, 23 julho, 2006) : 

Tornava-se já desesperante o silêncio em que as grandes figuras de referência no panorama da arquitectura em Portugal se mantiveram durante tanto tempo.

Este silêncio encorajou os tais "ranços corporativos" a desenvolver a cruzada mais nefasta e anti-classe de que há memória.

O professor Mário Moutinho está assim a cumprir o seu papel e a dar um grande contributo a uma classe e a um ramo do saber que tão vilmente têm sido tratados pela actual direcção.

Esperemos que outras vozes se levantem e possam, como o próprio diz "(...)favorecer a mudança, enquanto ainda é tempo..."

 

Anonymous Anónimo said ... (domingo, 23 julho, 2006) : 

Espero que isto tudo seja o inicio do fim das ordens profissionais tais como elas são , onde existe um corperativismo descarado
Já viram a palhaçada que está a acontecer na ordem dos advogados.

 

Anonymous Anónimo said ... (segunda-feira, 24 julho, 2006) : 

"Já viram a palhaçada que está a acontecer na ordem dos advogados"

Não me parece que se tenha de acabar com as ordens, e o que se passa na Ordem dos advogados é precisamente para a qual a ordem foi criada pois não é aceitável que um bastonário sugira ao estado que recorra ao seu escritório para resolver problemas. O senhor judice estava a violar o estatuto mas este disse que não sabia. enfim...

 

Anonymous Anónimo said ... (segunda-feira, 24 julho, 2006) : 

É tudo "legítimo" quando nos beneficia e "ilegítimo" quando nos prejudica pois podemos sempre relativizar tudo.

Já o Padre de certa Paróquia dizia quando questionado sobre os seus "actos" que não eram condizente com a sua "obra"

"...Olha para o que eu digo e não para o que eu faço..."!!

A hipocrisia humana é infindável e o que está na cabeça de cada um insondavél...!!! E não há ética ou moral que lhe valham!!

Vejam só a Ordem dos Arquitectos que até fazem "cavalo de batalha" da deontologia que mais não é do que ética em contexto profissional.Mas vejam só "que ética e que deontologia apregoam??".

Com efeito não temos nada a ganhar com as Ordens Profissionais! Basta ver qual a sua actuação!! E não existem excepções!!!

Reparem bem no manifesto eleitoral do post colocado recentemente - "a cada licenciatura uma ínscrição numa só Ordem Profissional" Até parece que Arquitectura e Engenharia estão assim tão longe... Os nossos vizinhos Espanhóis não pensam bem assim! A arquitectura deles é diferente da Arquitectura em Portugal???

Lá começam as ideias restritivas a fervilhar na cabecinha dos candidatos... Costuma dizer-se que "... a seguir a mim há-de vir quem de mim bom fará..."

Ou seja é sempre possível que venha alguém ainda pior do que os que estão prestes a abandonar o "barco". Espero que seja apenas impressão minha!!

 

Anonymous Anónimo said ... (segunda-feira, 24 julho, 2006) : 

Meus caros, não se metam com as Ordens que não lhes dizem respeito.
Não confundam a legitimidade dos actos da O. dos arquitectos, com a dos advogados.
Pelo menos, informem-se antes de falarem. Enquanto Ordem, a dos advogados, funciona.
Não confundam a actuação momentânea de homens imperfeitos, como todos nós, com a legitimidade dos actos de uma ordem. Não generalizem. Não são saídas tristes de algum membro de uma ordem que vai fazê-la valer menos. Se querem ver como a O. dos Advogados funciona, informem-se e talvez fiquem admirados.
Solucionem os problemas da vossa casa e deixem as casas arrumadas.
Não queiram chamar para a vossa guerra a ordem dos advogados, ou outra, porque só têm a perder. Não generalizem o problema, porque o vosso é muito grave. Cinjam-se à vossa situação.
Vocês precisam de aliados, não de inimigos, e de peso.

 

Anonymous Anónimo said ... (segunda-feira, 24 julho, 2006) : 

Sem menosprezar a opinião dos outros sobre o que pensam das Ordens em geral só quero acrescentar uma coisa:

Assisti a um seminário "Bolonha e as Ordens Profissionais" que se realizou em 10 de Abril de 2006 no auditório da Ordem dos Engenheiros e sobre os comentários do Bastonário da Ordem dos Advogados nem vos falo são muito interessantes "do mais conservador e patético que se pode imaginar".

O seu bastonário mostrou-se patéticamente desvairado nos comentários que fez à intervenção do Doutor Rui Medeiros que "descascou forte e feio sobre actuação das Ordens em geral (este orador esteve presente a convite da Ordem dos Advogados).

A propósito também ouvi com atenção o representante da Ordem dos Arquitectos que como de costume esteve "no seu melhor" com a conversa e as lamúrias a que a OA já nos habituou.

Como panorama geral ficou a ideia do saudosismo pelo tempo em que tudo parecia correr-lhes de feição, o que não parece ser o caso agora.

 

Anonymous Anónimo said ... (terça-feira, 25 julho, 2006) : 

Ao malcriado

Realmente tem razão a ordem dos advogados funciona, basta ver os seus últimos desenvolvimentos com o ex bastonário, que ficou a falar sozinho. Fala-se de democracia, actuando com princípios de ditadura.

"Quando chegou a vez de cada um
trabalhar para o bem comum
aí começaram os dissabores
porque no fundo todos queriam era ser ditadores"

In Picado pelas abelhas, Jorge Palma

Meus amigos as ordens (qualquer que seja) são objectos politizados para controlar os seus membros, senão vejamos os estatutos:

Artigo 3.º | Atribuições

"Contribuir para a defesa e promoção da arquitectura e zelar pela função social, dignidade e
prestígio da profissão de arquitecto, promovendo a valorização profissional e científica dos
seus associados e a defesa dos respectivos princípios deontológicos;"

Abusar profissionalmente dos colegas através da aprovação de trabalho mal remunerado.

"Admitir e certificar a inscrição dos arquitectos, bem como conceder o respectivo título
profissional;"

O título é conferido por uma instituição que dá a formação ao arquitecto, não é a ordem que diz quem é ou não arquitecto. Se não estiver inscrito não posso assinar projectos, mas continuo a ser arquitecto.

"Colaborar com escolas, faculdades e outras instituições em iniciativas que visem a formação
do arquitecto;"

A creditação deve entrar neste ponto, paga-se logo credita-se.

"Organizar e desenvolver serviços úteis aos seus associados;"

Desde que os serviços sejam bem muito bem pagos, como se passa nas acções de formação

"Defender os interesses, direitos e prerrogativas dos associados;"

Não sei como definem a palavra "associados".

E se quisessemos continuar neste tom crítico sobre a legislação da ordem esta intervenção basta consultar os estatutos.

Outra coisa claramente mais marcante é a cada vez maior politização da ordem, quando o decreto de lei 183/xx estiver no prazo limite de 90 dias, tudo ficará a boiar porque não haverá ondas por parte da ordem. Se calhar faz parte dos estatutos do P.S. também calar os seus membros.

 

Anonymous Anónimo said ... (terça-feira, 25 julho, 2006) : 

Já repararam que aquele pessoal na OA está com um tacho, os gajos ganham em 3000 / mês ! E passam o pouco tempo que lá vão a tentar limpar a malta nova e nem se preocupam com a realidade em que o Pais está mergulhado.

Mário Moutinho falou e falou muito bem, é urgente arrumar a casa! A ordem não é só dos arquitectos também é dos arq. paisagistas dos arq.interiores mas claro que a OA tá-se a cagar para isso.

Será que vamos ter homem nas próximas eleições da OA? Espero bem que sim, a Helena Salema que desapareça para sempre.

 

Anonymous Anónimo said ... (terça-feira, 25 julho, 2006) : 

Ao caro anonimo,
volto a dizer, não confunda a O. dos Advogados com a dos Arquitectos. Este último acontecimento foi uma ilha num oceano. A O. Adv. aplica a deontologia. A formação da Ordem aos estagiários é de qualidade, é avaliada e aplicada.
As alterações de estatutos e de regimes de acesso à Ordem, é vigente a partir do final de um ciclo completo de licenciatura, ou seja, para todos os que já iniciaram as suas licenciaturas o regime é o antigo.
A o. Adv. e os seus estatutos foram criados com a legitimas demarches para esse fim, sem colagens a outras ordens.
E, muito importante, os seus orgãos sociais não são remunerados.
Agora que me diga que não é perfeira na actuação de alguns dos seus membros dirigentes, são capazes de ter razão. Mas é como em tudo o que existe. Agora diga-me uma coisa em que a O. dos Arquitectos funcione bem.
Resumam-se à vossa guerra. Vocês precisam é de aliados.
Não invalida que as ordens não sejam um ponto de partida para vôs mais altos. E que qualquer um, dentro da classe, se reunir os apoios certos, pode ser um perigo.
Mas na O. dos Advog. votam muito mais do que os 11% dos que votaram nas eleições da O. dos Arq. Há mais participação dos membros e constante contacto com os sócios.
Até que as próprias Delegações Regionais promovem constantes encontros, seja para convivio ou não, entre os membros.
Volto a referir que falar com anonimos é como falar com uma parede. Pelo menos uma alcunha para falarmos com a mesma pessoa. Digam o que disserem, isso é um reflexo da vida de cada um. Não dar a cara para nada.

 

Anonymous Anónimo said ... (terça-feira, 25 julho, 2006) : 

E que tal, se nos centrássemos apenas nas questões relativas à Ordem dos Arquitectos?

É esta que nos diz respeito, e já não é pouco...

De qualquer maneira, há que ter em conta que o Estado está neste momento a elaborar uma Lei Quadro sobre as ordens profissionais. Da regulamentação que sair, ficarão todas sujeitas a esse novo enquadramento e com os campos de acção perfeitamente definidos.

Mas porque esse debate será longo e exige que se conheça em profundidade do que se fala, penso que é melhor ideia não nos desviarmos.

Restaurar o que a Roseta e toda a direcção destruiu, vai exigir muito esforço de todos, mas antes de mais, há que fazer tudo para por um ponto final ao descalabro.

 

Anonymous Anónimo said ... (terça-feira, 25 julho, 2006) : 

presumo que o reflexo da sua vida seja ser malcriado.

 

Anonymous Anónimo said ... (terça-feira, 25 julho, 2006) : 

Penso realmente será lamentável haver em cada post desvios para assuntos menos próprios e para ofensas à integridade pessoal de cada um dos intervenientes. Penso que em tudo na vida há que existir moderação, para pensar e agir, mas também para esperar. Nesta altura penso que o mais acertado será esperar e ver que novo Regulamento de Admissão se avizinha.
Após esta batalha, serão travadas outras, pois todos sabemos, cada qual com o seu motivo, que a Ordem não funciona e abona a uma corrupção passiva contra estagiários e estudantes.

Bem hajam!

 

Anonymous Anónimo said ... (sábado, 29 julho, 2006) : 

O post que refere a intenção de candidatura à Direcção da OA não tem merecido comentários muito animados. Porque será?!

Talvez cada um de nós tenha a resposta:

Ou o candidato não é conhecido o que parece não ser esse o caso;

As suas intenções expressas no artigo não convenceram muita gente;

Todos sabemos que se mantém em geral a m... e só as moscas mudam;

Ninguém acredita na OA e por isso não vale apena prestar grande atenção a tudo o que lhe diga respeito;

Ainda é muito cedo para se pensar na substituição da direcção da OA;

O pessoal só pensa nas férias e pronto!


Sejam quais forem as razões, o que se verifica é um alheamento das questões colectivas o que deixa espaço de sobra para os oportunistas se movimentarem livremente e acabem por acederem à direcção das Ordens e depois é isto que se vê!!.

Cabe aos membros da OA a tomada de posição pública no repudio às atitudes e decisões da OA! Ou será que lá no fundo a sua grande maioria, na surdina, até está de acordo??

Cá por mim não tenho dúvidas!

Só espero estar enganado, mas as críticas são apenas pontuais e não vejo grandes movimentações dos membros efectivos na crítica à conduta da actual direcção.

 

Blogger Sérgio Xavier said ... (sábado, 26 agosto, 2006) : 

O Manuel Vicente é um fixe!

 

Anonymous Anónimo said ... (sábado, 09 setembro, 2006) : 

Com os meus comentários não quero insinuar que nada deva ser feito, nem que os que têm condições para conduzir as coisas a bom porto o não façam.

Pretendia mais chamar à atenção para o desinteresse da generalidade dos arquitectos inscritos na OA, que de forma amorfa deixaram correr as coisas... Até ao ponto a que chegaram...!!

É que agora, pelo desinteresse da classe, da opinião pública e pelo ridículo em que a OA caiu vai ser tudo mais difícil...!! A que acresce a situação económica se o desfecho vier a ser o que se espera...!! Vai ser preciso muito dinheiro para pagar os danos provocados aos licenciados e à escolas...E muito tempo para reabilitar a credibilidade da OA...!!

E isso tudo será pago pelos Arquitectos e, pior do que isso, pela Arquitectura dado que se vão adiar por mais tempo as decisões e as acções que poderão levar à alteração do actual panorama...!!

 

Anonymous Anónimo said ... (terça-feira, 24 abril, 2007) : 

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