segunda-feira, fevereiro 20, 2006

O ESTADO COMO PESSOA DE BEM

A propósito debate que surgiu na blogosfera sobre o sistema (ilegal) de admissão à Ordem dos Arquitectos, julga-se ser relevante publicar este excerto via:


"Portugal não é Chicago e construção civil não é arquitectura, embora o inverso seja genericamente indispensável – mas isso seria outro debate. Nestes posts abordam-se dois sentidos de uma mesma direcção. A montante a formação do arquitecto e a qualidade com que é administrada, a necessidade ou não de creditação dessa formação; a jusante a obrigatoriedade ou não da formação disciplinar como legitimação de um projecto de arquitectura e as consequência disto quer mercado de trabalho quer nas actividades contíguas à arquitectura.

Quanto à formação, estamos de acordo, suponho, que não será uma entidade qualquer - e na minha ingenuidade irreflectida ainda supus o Estado como pessoa de bem – que tenha a legitimidade de outorgar qualquer critério qualitativo aos cursos de Arquitectura que uma qualquer escola, pública ou privada, pretenda administrar. O argumento da exiguidade do mercado de trabalho e a obrigatória necessidade de contenção e qualificação dos educandos em Arquitectura é da mais elementar e repugnante intervenção do Estado numa opção individual que em muitos casos é sonho de anos. Não é através da regulamentação minuciosa quer dos cursos quer do acesso aos mesmos que se concede qualidade e brio aos futuros profissionais do ofício. Não defendo, portanto, qualquer especificidade do ensino da Arquitectura como o defendem as luminárias da Ordem e das direcções das escolas. Aliás, um dos mais graves problemas do ensino da Arquitectura é a sucessiva feudalização das escolas, a degenerescência pedagógica e a tachização do cargo de professor de uma faculdade de Arquitectura, salvo raras e honrosas excepções. Qualquer relação da Escola com o real é esporádica coincidência [e o real é mais que o mercado].
Quanto à necessidade de creditação dos cursos de Arquitectura estamos conversados: não compraria um carro em segunda mão à Ordem dos Arquitectos, tão pouco ao Estado estratega."

Comments on "O ESTADO COMO PESSOA DE BEM"

 

Anonymous Anónimo said ... (segunda-feira, 20 fevereiro, 2006) : 

O problema é que quem paga os carros em 1 º e 2º é sempre o zé povinho, xulos pró caralho

 

Blogger João Amaro Correia said ... (segunda-feira, 20 fevereiro, 2006) : 

ó amigo, cada um compra o carro onde anda. não acha justo?

 

Anonymous Anónimo said ... (segunda-feira, 20 fevereiro, 2006) : 

Após a leitura completa do artigo, parece que andamos todos a falar da mesma coisa, menos a OA que anda mais preocupada em penetrar em questões para a qual não foi responsabilizada, já nas tarefas que lhe foram incutidas pelo estado é mesmo caso para lamentar...

"Pena é que a Ordem dos Arquitectos ande a milhas destes debates."

 

Anonymous Anónimo said ... (segunda-feira, 20 fevereiro, 2006) : 

"ó amigo, cada um compra o carro onde anda. não acha justo?"

A minha idgnação era sobre os pagamentos que um cidadão tem de fazer ao estado e à OA (é tudo farinha do mesmo saco certo?) para poder trabalhar, pago o curso depois pago estágio depois pago exames sou discriminado pago acções de formação viagens almoços deixo de trabalhar umas semanas valentes e andamos nisto a vida toda, e rezo para não ser chumbado pelos meninos da OA, para no fim chegar a um mercado de trabalho completamente incoerente onde o aluminio verde garrafa e a aspiração central é o suprasumo da "arquitectura".

 

Blogger João Amaro Correia said ... (terça-feira, 21 fevereiro, 2006) : 

pois...

 

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