terça-feira, setembro 13, 2005

CONCORRÊNCIA NAS PROFISSÕES

Noticia no Diário Económico



Por VITAL MOREIRA

Uma das primeiras medidas das revoluções liberais na Europa, a começar com a revolução francesa de 1789, foi a extinção das corporações profissionais medievais e o reconhecimento da liberdade de profissão, que elas coarctavam. A liberdade profissional (sem prejuízo dos requisitos para o exercício de determinadas profissões) constituiu, juntamente com a liberdade de empresa, uma das bases originárias da economia de mercado liberal.Todavia, as corporações profissionais haveriam de ser restauradas em muitos países europeus na vaga antiliberal dos anos 20 e 30 do século passado, que assistiu à restauração de intensas formas de regulação restritiva das profissões.
Na sua generalidade, as profissões liberais voltaram a organizar-se em ordens e colégios profissionais oficiais, dotadas de fortes poderes de regulação profissional, não somente em relação aos aspectos técnicos e deontológicos da profissão (onde a auto-regulação é plenamente justificável), mas também nos aspectos económicos, como a restrição do acesso à actividade, limitação das formas de organização profissional, proibição de publicidade, restrições territoriais, garantia de uma esfera de actos exclusivos de cada profissão, e finalmente fixação de preços dos serviços profissionais. Em consequência disso, em muitos países europeus a liberdade de profissão encontrou-se fortemente limitada, excluindo de todo em todo um verdadeiro mercado de serviços profissionais.Esta situação começou a ser contestada a nível da UE desde finais dos anos 80 do século passado, no contexto do movimento para a criação do mercado único europeu, que será sempre imperfeito enquanto houver uma reserva protegida em relação aos serviços profissionais. Desde há anos que a Comissão Europeia vem tomando iniciativas (estudos, relatórios, recomendações, decisões, etc.) tendentes a cortar as restrições que impedem a concorrência nos serviços profissionais.
Acaba de ser publicado mais um relatório, dando conta da evolução da situação das profissões nos vários Estados-membros. Nessa fotografia, Portugal está longe de ficar bem, contando-se entre aqueles países onde são mais extensas e intensas as restrições à liberdade de exercício em várias profissões. Um dos traços da regulação profissional tradicional mais incompatíveis com a ordem económica comunitária é a fixação de preços dos serviços prestados, nomeadamente de preços mínimos. Muitas vezes justificada pelos interessados como meio de defesa da dignidade da profissão e da qualidade dos serviços (que seria alegadamente degradada se os profissionais começassem a concorrer nos preços), a fixação de tarifas e honorários profissionais constitui uma violação qualificada das regras da concorrência e do mercado, em prejuízo dos novos membros da profissão e dos utentes. Do que se trata é de típicas práticas de cartel, em que os operadores de uma certa actividade económica concertam entre si, por meio de um acordo ad hoc, ou de decisão de uma associação de que sejam membros, as condições de fornecimento de um certo bem ou serviço. A aplicabilidade das regras europeias da concorrência aos serviços profissionais, incluindo a proibição de práticas restritivas, é consensual desde há muito, desde que verificados os restantes requisitos para a aplicação do direito comunitário (nomeadamente a afectação do comércio entre os Estados-membros). Mais difícil foi fazer prevalecer o mesmo princípio no plano do direito interno, tendo perdurado até hoje muitas situações de regulação de preços por parte das corporações profissionais. As coisas estão, porém, a mudar entre nós. As recentes decisões da Autoridade da Concorrência, punindo duas ordens profissionais pela fixação de preços (até agora só havia uma decisão nesse sentido do antigo Conselho da Concorrência), mostram que está definitivamente adquirida a convicção de que estas situações não podem permanecer.
Em vez de se dedicarem a actividades de regulação económica, para as quais não devem ser competentes - de resto, em geral, os seus estatutos nem sequer lhes atribuem tais poderes, o que os torna desde logo ilegais, as ordens profissionais deveriam procurar exercer bem aquilo para que estão mais apetrechadas e vocacionadas e de que tão mal se ocupam, nomeadamente a fiscalização e a punição das faltas técnicas e das infracções deontológicas dos seus membros."
fonte: http://www.diarioeconomico.com - 2005-09-09


Comments on "CONCORRÊNCIA NAS PROFISSÕES"

 

Blogger arqportugal.blogspot.com said ... (quinta-feira, 15 setembro, 2005) : 

Cargos actuais:
Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC), onde lecciona Direito Constitucional e Direito Administrativo no curso geral, e do Instituto Superior Bissaya Barreto (ISBB) da mesma cidade, onde lecciona Direito Constitucional.
Director nacional e professor do European Master's Degree in Human Rights and Democratization (Veneza), organizado por um consórcio de universidades europeias.
Director do “Centro de Direitos Humanos” do Jus Gentium Conimbrigae, instituto de investigação e pós-graduação da FDUC, e coordenador e professor do respectivo Course in Human Rights.
Presidente do Centro de Estudos de Direito Público e Regulação (CEDIPRE), instituto de investigação e pós-graduação da FDUC, e director e professor do respectivo curso de pós-graduação em Regulação Pública.

Títulos académicos:

Tem licenciatura, mestrado e doutoramento pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC).

Outros cargos:

Antigo deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República.

Antigo juiz do Tribunal Constitucional.

Ex-membro do Conselho Nacional da Avaliação do Ensino Superior (CNAVES).

Ex-membro da Comissão Europeia para a Democracia pelo Direito ("Comissão de Veneza"), do Conselho da Europa.
Membro do conselho de administração do European Inter-University Centre for Human Rights and Democracy (EIUC), Veneza.

Títulos e Livros Publicados:

Colunista semanal do jornal "Público" (Lisboa) e colunista mensal do “Diário Económico” (Lisboa).
Cerca de uma dezena de livros publicados, desde "A Ordem Jurídica do Capitalismo" (1973) até "Autoridades Reguladoras Independentes" (2003) (em colaboração com Fernanda Maças), passando pela "Constituição da República Portuguesa anotada" (1ª ed., 1978; 4ª edição, em preparação), em colaboração com J. J. Gomes Canotilho

 

Anonymous Anónimo said ... (quinta-feira, 15 setembro, 2005) : 

Colunista mensal do “Diário Económico” (Lisboa), interessante ver Vital Moreira levantar de novo o problema das ordens profissionais, fico a aguardar um artigo sobre o problema no jornal Publico.

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

"Uma das primeiras medidas das revoluções liberais na Europa, a começar com a revolução francesa de 1789, foi a extinção das corporações profissionais medievais e o reconhecimento da liberdade de profissão, que elas coarctavam"

As corporações profissionais foram extintas mas deram lugar às ordens profissionais que encapotam agora uma filosofia de interesse público, mas que na verdade se reflectem novamente em puros actos de corporativismo com lobys à mistura, veja-se o que se está a passar na nossa sociedade, onde os interesses corporativistas das ordens se sobrepõem ao interesse publico, veja-se o caso da ordem dos médicos dentistas sancionada pela comunidade europeia pelas tabelas de preços minimos, isto é apenas um exemplo do que uma ordem pode prejudicar a sociedade.
O nosso País esta no fundo da tabela do numero de licenciados, mesmo assim as ordens dizem que existem licenciados a mais no nosso País, mas afinal quem fala toda a verdade?


Vejam a vergonha que é o nosso País, até parece inacreditavel:

http://www.diarioeconomico.com/edicion_impresa/imagenes/2004/Setembro/21_09_2004/536543.jpg

As elites vêm reclamar o seu status social através de métodos corporativistas.

Isto é uma vergonha, é por isso que o nosso Pobre País está na miséria onde um arquitecto ganha em media 5 euros hora a recibo verde, já grande parte dos estagiários são explorados até não poder mais , uma vez que a maioria desempenham tarefas meramente de desenhador, estando a classe dos desenhadores a desaparecer uma vez que para se ser desenhador tem de se ser arquitecto e para se ser arquitecto tem de se pertencer à ordem dos arquitectos .

Que perverso

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

Ora deixem cá ver... quem, de vós, votou na Helena Roseta nas últimas eleições? Alguém deve ter votado, para ter ganho com maioria absoluta...
E no mandato anterior (em que é implementado o ria, ou lá o que é)?
O que é certo, é que, se calhar, a tal Roseta deve ter sido legitimada por uma mão cheia de arquitectos que se sentem ameaçados pelos novos licenciados. Essa é uma verdade inquestionável. Alguém a(os) colocou lá porque acreditou que propunham uma boa prestação. Duas vezes, repito, duas vezes.
Se calhar é a classe que está a contar espingardas contra os novos arquitectos (a teoria é a seguinte: se os arquitectos votantes - os outros não contam - quisessem uma mudança de rumo da ordem, tinham votado, depois de três anos, contra a lista da Roseta, mas não o fizeram).
Não devem ser apontadas as armas à classe toda, inscrita, e não à ordem?
Pensemos nisso...

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

Realmente, os arquitectos que votaram fizeram-no na lista da Roseta. Mas foram quantos? 200? 500? ou menos?
Os arquitectos querem lá saber em quem votam ou se a ordem está a ser mal gerida.
É a classe mais desunida que existe.
As nossas espingardas estão voltadas para o sitio certo.
Não me digam que a ordem está a precisar de cavalaria?
Quem está a promover este terrorismo profissional e social
é a direcção da ordem. Não tentem buscar reforços.
Os arquitectos poderão abster-se destas acções, o que não legitima o que a ordem está a fazer.
Mesmo que estivessem de acordo com a direcção da ordem, esse facto em nada contrariaria os factos. E os factos estão a nosso favor. Não interessa da cor que os pintem.
Não é o numero de pessoas envolvidas que tira a razão a alguém. Se há razão, ela prevalecerá.
FBR

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

O Sr. Dr. João Miranda, jurista contratado da ordem dos arquitectos, deu razão aos licenciados, quando foi procurado para dar um parecer sobre a situação.
Sem qualquer pressão por parte destes e após se ter inteirado do problema, o seu comentário foi que esta situação era "clara como a água".
Depois, contratado pela ordem, continua a achar que assim é, mas o seu papel agora é atrasar o mais possível os processos (por questões burocráticas, de certo, porque os argumentos são fracos).
Ele, apesar de não dever responder no processo, fá-lo, mas nós somos bonzinhos e não nos aborrecemos com isso.
A minha questão nisto das inconstitucionalidades, é que, sendo o Sr. Dr. João Miranda filho do pai da Constituição Portuguesa, o Grande Sr. Doutor Jorge Miranda, e sabendo que nós temos razão, o que irá fazer com isto. Não gostava de estar na sua pele. Ainda corre o risco de um dia o pai o deserdar.
Tanto trabalho que deu a elaboração da Constituição ao Sr. Doutor Jorge Miranda, para isto...
FBR

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

Ao anónimo anterior

A maioria absoluta da Roseta apenas representa 11% dos arquitectos portugueses. O facto de ter sido eleita não lhe permite cometer ilegalidades, discriminações e praticar e/ou permitir atitudes lobistas e corporativistas; ao contrário, torna-a mais responsável.
A maneira como tem lidado com o processo de admissão é vergonhoso, inadmissível para quem tem obrigação de conhecer a lei.
Esta situação afecta não só os recém-licenciados como toda a classe que se vê defraudada.
A Helena Roseta, apesar da escassa representatividade que possui, ignora as vozes que se levantam pois sabe perfeitamente que os estragos que está a provocar irão ser outros a resolvê-los, quando ela já cá não estiver.

É certo que toda a classe tem responsabilidades quando falta às assembleias gerais, aos actos eleitorais...
Mas parece que, finalmente, o país está a acordar para o pântano onde estamos todos atolados...os reinos dos donos das capelinhas e outros...

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

Então esse vira-casacas, Dr. João Miranda, não tem vergonha - porque ética profissional já vimos que não tem - de desdizer aquilo que afirmou ser óbvio?
Se a ordem (o) lhe paga para mentir e ele aceita, não faz mais do que revelar a sua qualidade de jurista.
O que até reforça a nossa razão!

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

Calma aí que o homem ainda não desdisse o que afirmou antes.
Está a fazer trabalho dele.
Ele é um jurista conceituado e pôr em causa a sua ética profissional não será totalmente justo.
Pelo menos até agora.
Que não fica bem o que ele fez, não fica, mas de resto vamos a ver.
O que ponho em questão é o que virá a seguir. Esse é o mistério.
Ele não pode fazer lavagem de cerebro aos elementos directivos da ordem.
Eles estão dispostos a tudo para levar a deles avante. Até a passar por cima das opiniões dos juristas, os da ordem e não só.
E é o que estão a fazer.
Eles sabem bem o que está a acontecer. Armam-se em inocentes e mais a sua amiga "Heleninha Que não Sabe Nada", mas sabem.
Esquecem-se de que quem sofre na pele as injustiças e se vê encurralado, está disposto a muito mais para sobreviver...
Relembro que não estão a lidar com miudos.
FBR

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

Para mim o Dr. Miranda está para o direito como alguns arquitectos estão para a arquitectura, o problema é que as pessoas precisam de viver não será assim?

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

Pois, mercenários, há-os em todas as profissões, idóneos também e a necessidade não justifica tudo.

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

E eu estou impedido pela Ordem, de trabalhar vai para 4 anos. Para sobreviver, já só me falta ir para a rua vender droga.
Repito, O MEU FUTURO ESTÁ NA DROGA!

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

Pah tens sempre uma boa desculpa para seres ilibado, vende á vontade pois a malta tem que sobreviver de alguma coisa .

que miséria

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

Quando o estado é fraco as instituições é que mandam.

Cada um faz o que quer e de acordo com os seus interesses e dos dos amigos.

A Ordem continua a fazer o que bem lhe entende porque o governo não controla nada. basat ler os artigos do professor Vital Moreira para perceber bem esta situação.

Mas a Ordem só continua a fazer o que quer porque os licenciados também não fazem nada para defender os seus interesses. PARECE QUE ESTÃO BEM ASSIM.

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

“…as ordens profissionais deveriam procurar exercer bem aquilo para que estão mais apetrechadas e vocacionadas e de que tão mal se ocupam, nomeadamente A FISCALIZAÇÃO E A PUNIÇÃO DAS FALTAS TÉCNICAS E DAS INFRACÇÕES DEONTOLÓGICAS DOS SEUS MEMBROS…” palavras de Vital Moreira

JÁ ALGUÉM VIU A ORDEM PREOCUPAR-SE COM QUESTÕES DE DEONTOLOGIA OU DE ÉTICA?

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

Não é verdade caro colega.

Há de facto um grupo de colegas que interpuseram contra a ordem, acções judiciais.

Contudo, a justiça não é para todos, pois é cara e lenta.

O caso é sério, porque ultrapassa de forma itencional os limites da nossa lei fundamental, ou seja, a constituição.

Os donos da ordem, resolveram unilateralmente assumir uma posição marginal em face da lei.

Todos nós sabemos, que é o criminose que aparece sempre em primeiro lugar.

Ao polícia, se tiver coragem e determinação, cabe chegar ao local enquanto o marginal lá estiver e detê-lo.

O difícil é quando o polícia tem medo ou é amigo do marginal...

Há, naturalmente que estar atento e é isso que em conjunto temos feito, pois temos de esperar pelo veredicto numa optica legal.

Se ele for contrário à nossa pretensão, pois então, teremos de contestar de novo.

Mas queria também chamar à atenção de todos, o seguinte aspecto.

A ordem (sempre em letra pequena) por acaso já clarificou os conceitos que estão na base das suas posições?

Por acaso já explicou o seu conceito de Qualidade?

Por acaso já explicou qual o seu enquadramento na Arquitectura enquanto projecto?

Por acaso já explicou em qual das fases do processo se manifesta?

Por acaso já se desculpou pela sua ausência quanto à tutela e aplicação dos deveres de salvaguarda da ética e deontologia na profisão.

Por acaso já identificou os responsáveis daquilo que diz estar mal na Arquitectura em Portugal.

Por acaso será essa responsabilidade, daqueles que não foram os protagonistas?

Serão eles do passado ou do futuro.

Aplicar retroactivamente regulamentos é mau, mas acusar os que lá não estiveram é outra coisa muito feia...

Vamos a ver, vamos a ver!

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

Ao que sei, os arquitectos que votaram, foram mais de mil (os tais 10%/11%). De Sul (fundamentais apoiantes da direcção actual), a Norte (não apoiantes de coisa nenhuma mas que, ainda assim, apoiaram a Helena e a sua estratégia).
Perdoem-me, mas assim não vamos lá! É preciso acordar os 90% que não votaram, explicar-lhes as posições que se tomam e a justiça delas para o mobilizar para a causa. A ordem representa esta gente. Eles que se manifestem!
Eles que convoquem uma assembleia que destitua a direcção ou o conselho de delegados, se for essa a solução. Quem não está na ordem, ainda, por muito que custe, não pode fazer nada contra eles porque não pertence "ao grupo".
Só na justiça que é, como já referiram, lenta e não é cega como se esperaria.
Por isso, é preciso resolver o problema a partir de dentro, com o apoio dos membros, senão, não dá! Há pessoas à espera há 4 anos. Pois poderão ser mais pela via judicial...
dixit

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 16 setembro, 2005) : 

Torno a perguntar:

JÁ ALGUÉM VIU A ORDEM PREOCUPAR-SE COM QUESTÕES DE DEONTOLOGIA OU DE ÉTICA?

Já alguém viu a ordem a fazer alguma coisa contra aqueles arquitectos que estando em lugares públicos sistematicamente boicotam e chumbam os projectos dos colegas, apenas porque também mantém gabinetes nas localidades onde estão localizadas as instituições.

ISTO É CORPORATIVISMO MAFIOSO. TODOS VÊM MAS NINGUÉM FAZ NADA.

 

Anonymous Anónimo said ... (sábado, 17 setembro, 2005) : 

TODOS VÊM MAS NINGUÉM FAZ NADA.

Ora aqui está uma questão que devia ser abordada na OA, mas que ninguém quer falar, é uma situação bastante fácil de provar, basta haver fiscalização dessa gente que se dizem arquitectos e que tem o trabalho todo na mão!

A solução que me parece mais correcta, seria da mesma forma que os engenheiros colocam os seus projectos nas câmaras e ninguém duvida da capacidade técnica desse engenheiro e do seu trabalho, o mesmo seria relativamente aos arquitectos, as leis urbanísticas são para cumprir, se não cumpre processo disciplinar para cima do arquitecto.

Responsabilizar.

Um medico dá uma consulta, não tem outro a aprovar a consulta !


Um dentista arranca o dente, não tem lá o colega a ver se cumpre!

Um sr. Engenheiro faz um calculo de estrutura, térmico ou acústica e ninguém vai confirmar se a quantidade

Um arquitecto faz um projecto, e tem logo um colega a julgar o seu trabalho.

Um arquitecto quer inscrever-se na AO,, e tem um colega a fazer-lhe provas de admissão .

Andam preocupados com o 73/73 e bem, mas também poderiam explorar a situação de outra forma de maneira a prestigiar o arquitecto.

Os projectos que hoje entram nas câmaras são apreciados e bem por arquitectos, uma vez que qualquer um no nosso País faz projecto, já não faz sentido que um arquitecto seja posto em causa, certo!?

No entanto chamo à atenção que esta mudança colocaria a AO no seu devido lugar relativamente a PREOCUPAR-SE COM QUESTÕES DE DEONTOLOGIA OU DE ÉTICA .

Pena que a AO em Portugal não esteja interessada nessa responsabilidade, e se preocupe com questões que não são do seu domínio, e estas já todos nós conhecemos e bem!

Mas ao que parece os arquitectos deste País não têm credibilidade perante a sociedade e principalmente perante a OA.

 

Anonymous Anónimo said ... (sábado, 17 setembro, 2005) : 

É verdade sim senhor!

No nosso país o Arquitecto é normalmente reconhecido como sendo um artista, uma "estrela" e não como um técnico.

Ora cuidado!

Quando dizemos que aquele é um artista, pensamos noutras outras coisas...

E quanto às "estrelas", são como aqueles cágados que andam de avião...

Caros colegas Arquitectos, em primeira mão somos técnicos, especialistas na formulação de programas espaciais, no seu desenho, na gestão destes processos e também na sua concretização, logo, gente com os pés bem assentes na terra.

A nossa afirmação passa também, por desde os bancos da escola, fazer-mos prevalecer a nossa condição humanista e técnica, jamais a nossa vaidade, como tantas vezes acontece.

Por outro lado, já com o curso concluído, não devemos permitir que sobre nós se infira qualquer suspeita de falta de objectividade.

Além do mais, tem sido a falta de objectividade que tem sustentado a formulação de todas as afirmações e acções da ordem(em letra cada vez mais pequena).

Nos temos de ser diferentes na nossa conduta diária.

Temos de demonstrar que, não apreciamos nem estamos no limbo.

Temos de transquilamente assumir a nossa condição de técnicos superiores deste país.

Temos de demonstrar a nossa maturidade, a nossa idoneidade e a clareza das nossas formulações técnicas.

Mesmo quado falamos ou escrevemos sobre esta matéria que tanto nos esmaga, o tom ofegante das nossas palavras pode ser-nos prejudicial.

Até nisso temos de ter cuidado.

Isto não quer dizer que devemos estar calados, jamais!

Apenas quer dizer, que temos de recorrer ao "médico" e ao "hospital" que neste caso, significam o Advogado o poder Judicial.

Se calhar, até mesmo à Polícia Judiciária.

Quem mata uma vez, mata mais duas ou três...

Na ordem há muitos matadores...

Lutemos unidos!

 

Anonymous Anónimo said ... (sábado, 17 setembro, 2005) : 

Imaginem que um advogado mete um processo no tribunal e o juiz lhe retira a razão, baseado apenas em razões de caracter pessoal e interpretação subjectiva e que a razão deste chumbo apenas se prende com o facto de possuir um gabinete na comarca e meter processos em tribunal assinados por outros juizes. é uma questão semelhante.

O arquitecto da Câmara é juiz dos nossos projectos e geralmente tem um gabinete onde são realizados a maioria dos projectos do municipio.

A ordem não quer ver.

Será que isto não é etica.

 

Anonymous Anónimo said ... (sábado, 17 setembro, 2005) : 

De facto é uma grande falta de ética.

É exactamente por isso que muitos dos membros efectivos não nos querem lá.

Eles sabem bem o que estão a fazer nesse sentido.

Porém, note-se isto, apenas isto.

A quem é que interessa que, os Arquitectos de uma Câmara de um município, não possam assinar nesse mesmo município?

Caros colegas, é justamente a eles mesmo!!!

Se não fosse assim, tudo seria claro e assim, a obscuridade que existe, daria lugar a processos claros, a regras de mercado claras e todos estariam lá com a força do seu trabalho.

Isto assim, é um pouco como acontece em relação à interrupção voluntária da graviez.

Há que manter a aparência de candura e defesa dos valores da vida e - claro está - quando for necessário, lá vai um "passeiozinho" a Espanha...

Por outo lado, se se quiser ter técnicos satisfeitos nas Câmaras, torna-se necessário pagar ordenados compatíveis e só assim, se pode evitar o desvio de trabalho de forma por demais amoral, que todos vêm mas ninguém acusa na justiça.

 

Anonymous Anónimo said ... (segunda-feira, 19 setembro, 2005) : 

Meus senhores e senhores a questão é a seguinte :

A ORDEM DOS ARQUITECTOS PÔS O CARRO Á FRENTE DOS BOYS

e o resulta tá á vista

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 23 setembro, 2005) : 

Estamos em Portugal e basta!!!!

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 23 setembro, 2005) : 

Pois somos sempre conhecidos pelos piores motivos.

 

Anonymous Anónimo said ... (sexta-feira, 23 setembro, 2005) : 

"A ORDEM DOS ARQUITECTOS PÔS O CARRO Á FRENTE DOS BOYS"

Pois ora aqui está uma expressão que se adapta perfeitamente á situação vivida na OA, os boys é que mandam e a Helena consente!

Não tem outro remédio e sabemos porquê, infelizmente o nosso pais é feito de fracos

 

Anonymous Anónimo said ... (sábado, 08 outubro, 2005) : 

E que tal fixar preços de serviços minimos para 1 projecto.
Um preço realista que permitisse às empresas de arquitectura suportarem os custos reais minimos: colaboradores a contracto, com descontos coincidente com o vencimento, software legal indespensável para o bom trabalho...

Ninguem tá a pedir honorários para mobilar o atelier com cadeiras e mesas Wilkhan...

Ou então fiscalizar a sério o exercicio de todos os profissionais, se o vizinho do lado faz mais barato e tem autocad pirata, alguem acha isto justo? Ou se correu com a malta toda e encheu o atelier de estagiárias da Lusiada a ganhar €0 ????

Proponho uma greve nacional dos arquitectos (que não trabalhem por conta própria, nem sejam sócios de ateliers)!!

 

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