on 5/04/2006 11:20:06 AM"Tenho usado com alguma frequência uma analogia para explicar o comportamento em geral dos portugueses (que também sou) e muito especialmente quanto agrupados em associações profissionais, ordens e universidades e afins que dá uma ideia do nosso comportamento colectivo enquanto defensor de um status ou privilégio grupal.
Que designo pelo "charco dos girinos".
Como sabem os girinos são um estádio intermédio da evolução dos batráquios, vulgo "rãs" que vivem em pequenas poças de água. Devido á fragilidade da pele precisam da água, mas por esterem numa fase de transformação, respiram por guelras em atrofiamento e pelos pulmões em formação e por isso não podem sair do charco, pois ficam com a pele danificada, mas também não podem estar totalmente mergulhados, pois precisam de respirar.
Em face do dilema com que se têm de confrontar precisam de estar na água, mas com a cabeça de fora e a melhor forma de o conseguirem é esterem em cima de outro que esteja por debaixo.
E assim como os girinos, os humanos (os portugueses), também não querem sair do seu "charco" pois sentir-se-iam perdidos e inseguros, mas também não podem ficar contidos à hierarquia mais baixa dentro dele. Por isso nada melhor que tentar por-se por cima de quem eles considerem inferior ou que simplesmente dependa do "manda no charco".
Como cada grupo tem o seu "charco" cria-se uma rede de charcos, cada um com o seu grupo de girinos, para que nesse charco pessoal, cada um dos "girinos" se possa por em cima do outro mais distraído, mais incapaz ou simplesmente um novo girino que queira entrar no mesmo charco.
Esclarecimento:
Onde se lê "girino" deve lêr-se "licenciado em arquitectura" ...
Onde se lê "charco" deve lêr-se "ordem dos arquitectos" ou outra qualquer...
Nesse sentido ninguèm quer sair do "charco", mas apenas colocar-se na melhor posição possível dentro dele. E assim os "girinos" do "charco ou pântano" em que a OA se transformou nunca quiseram dar o salto e ajudar a resolver os problemas de um grupo profissional, necessário e útil, que se encontra num beco sem saída por falta de uma definição clara de qual o seu papel e utilidade para a sociedade que lhes pagou a formação.
Se repararem bem a OA não conseguiu disciplinar a profissão, não teve argumentos e força para alterações legislativas sobre o exercício da profissão, impediu o acesso aos novos licenciados e isso nem sequer resultou em vantagens evidentes para os arquitectos já inscritos, continua o sistema de favores e de compadrios no acesso aos projectos, não existem por regra concursos públicos para projecto, os arquitectos que trabalham nas Câmaras são, eles próprios os maiores agentes de corrupção possuindo eles mesmos gabinetes a fazer projectos, que eles mesmos depois vão aprovar, dificultando a aprovação de todos projectos feitos por terceiros....Assim fica a pergunta!
Afinal qual o papel da Ordem dos Arquitectos?Pelas recentes declarações proferidas pela bastonária depreende-se que a própria OA não sabe, ou pelo menos tem mostrado não saber, pois muda de discurso a cada dia que passa, mas não actua.
Talvez por acreditar que é como uma insolação "uns dias de sombra e um pouco de gordura" resolvem a questão.
E se a queimadura for do 3º grau? E se a área queimada puser em risco a continuidade da OA? De quem será a responsabilidade?
Será que os responsáveis assentarão o "rabo no mocho"? Vamos ver...!!"